O escritório de Direitos Humanos também pede que os membros das forças de segurança israelenses que tiverem participado de atos de violência sejam investigados, e que as vítimas tenham seus direitos à reparação garantidos. Os comentários de Philippe Lazzarini, feitos durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, são alguns dos mais contundentes em defesa da UNRWA desde que Israel acusou 12 funcionários de terem participado melhores notícias dos ataques do Hamas em 7 de outubro. Os chefes de Estado manifestam preocupação com a situação humanitária na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população palestina. Os países citam casos em curso na Corte Internacional de Justiça para determinar se a ocupação continuada do território da Palestina por Israel constitui violação do direito internacional e se o ataque de Israel a Gaza constituiria genocídio.
A acusação intensifica a campanha israelense contra esta agência, chave nos esforços para proporcionar ajuda em Gaza, onde as organizações humanitárias alertam que o risco de fome é iminente após cinco meses de guerra entre Israel e Hamas. “Os ataques contra a UNRWA buscam eliminar seu papel na proteção dos direitos dos refugiados palestinos e na atuação como testemunha de sua situação difícil” disse. Em janeiro, Israel acusou 12 funcionários da agência de terem participado do ataque terrorista do Hamas contra o seu território.
Após os ataques das forças israelenses, os 24 países que formam a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), reunidos em São Vicente e Granadinas, se posicionaram a favor de um cessar-fogo. As pesadas verificações de segurança israelenses em todas as cargas que entram no território atrasam a entrega de ajuda, e alguns caminhões são mandados de volta quando se descobre que contêm itens proibidos, segundo os trabalhadores humanitários. A cidade foi anunciada em fevereiro como o potencial novo alvo das operações israelenses, caso um novo acordo entre as partes não fosse estabelecido até o Ramadã, que teve início neste fim de semana. Até o momento, as negociações seguem paralisadas, e o Catar alertou na terça-feira que a situação continua “muito complicada”. “Situação intolerável”Israel tem um longo histórico de atritos com a UNRWA, que foi fundada em 1949 e é uma das mais antigas agências da ONU. O tribunal, o mais alto órgão judicial das Nações Unidas, ordenou que Israel tomasse medidas imediatas para facilitar a ajuda de que os palestinos no enclave necessitam desesperadamente e está avaliando se Israel cometeu genocídio em sua guerra em Gaza.
Parte das agressões ocorriam em busca de confissões sobre supostos laços entre o órgão e o grupo terrorista Hamas. A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), afirmou, nesta segunda-feira (4), que as autoridades israelenses torturaram alguns funcionários durante interrogatórios após serem detidos na Faixa de Gaza. Mais cedo, a agência acusou o governo de Israel, através de um comunicado, de cometer atos de “tortura” contra alguns de seus funcionários detidos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro.
Os militares israelenses disseram que estavam analisando o incidente em Rafah, onde mais de metade da população de 2,3 milhões de pessoas de Gaza está abrigada, após a principal agência da ONU para os palestinos (UNRWA) informar que uma de suas instalações foi atingida. As alegações de que o Hamas cometeu estupros durante o ataque do dia 7 de outubro e continua a cometê-los contra os reféns são feitas há meses por organizações civis e pelo governo de Israel, e havia a expectativa de que o relatório da ONU comprovasse as denúncias. No comunicado, a relatora afirma que a completa extensão dos estupros e outros tipos de violência “pode levar meses ou anos para surgir, e talvez jamais seja conhecida por completo”. Em tópicos do documento, a cúpula latino-americana declara repúdio ao “assassinato de civis israelenses e palestinos, incluindo os cerca de 30 mil palestinos mortos desde o início da incursão de Israel na Faixa de Gaza”. Horas depois, o Exército israelense divulgou um vídeo em que mostrava um ataque contra um edifício onde estaria Muhammad Abu Hasna, membro do Hamas, que foi morto.
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No mês passado, ao apresentar uma proposta para o cenário pós-guerra, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a agência deveria ser fechada e substituída “por agências internacionais de ajuda responsáveis”. Outros 22 trabalhadores ficaram feridos, segunda a agência que informou, ainda, ter compartilhado as coordenadas da instalação com as forças israelenses. Outra constatação foi sobre violência sexual cometida contra as vítimas civis e militares do ataque do Hamas. Segundo ela, há indícios de que algumas vítimas foram estupradas, em alguns casos por vários homens, antes de serem executadas. As alegações fazem parte de um relatório da agência, ainda não publicado mas obtido por veículos de imprensa dos EUA, que relata supostos abusos cometidos pelas forças israelenses em Gaza. Outros 190 funcionários foram acusados de serem “militantes” de organizações consideradas terroristas.
Agência afirma que pelo menos um membro de sua equipe morreu e outras 22 pessoas ficaram feridas; Hamas fala em cinco mortos
A ONU iniciou imediatamente uma investigação, e demitiu 10 dos 12 citados — os outros dois estão mortos. “Alguns de nossos funcionários relataram às equipes da UNRWA que eles foram forçados a fazer confissões sob tortura e maus tratos. Essas falsas confissões foram em resposta a questões sobre as relações entre a UNRWA e o Hamas, assim como seu envolvimento com o ataque de 7 de outubro contra Israel”, afirmou, em comunicado, a porta-voz da UNRWA, Juliette Touma, citada pela CNN.
Os militares israelenses divulgaram áudios que afirmam serem gravações de “um terrorista que trabalha como professor de árabe em uma escola da UNRWA”. As autoridades dos EUA dizem reconhecer “o papel fundamental” que a UNRWA desempenha na distribuição de ajuda dentro da Faixa de Gaza, que tem sido levada à beira da fome pela ofensiva de Israel nos últimos cinco meses. Os EUA — que são o maior doador da UNRWA, fornecendo de 300 milhões a 400 milhões de dólares por ano — disseram que querem ver os resultados da investigação e as medidas corretivas tomadas antes de considerar a retomada do financiamento. Além da distribuição de ajuda ao grupo, ele “coordenava as atividades de várias unidades do Hamas”, liderando “uma sala de operações de inteligência”, informaram os militares. — Desde o início desta guerra, os ataques contra instalações, comboios e pessoal da ONU tornaram-se comuns, num flagrante desrespeito ao direito humanitário internacional — observou.
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A morte de ao menos 112 palestino durante a entrada de comboios de ajuda humanitária na semana passada, que Israel ajudou a organizar, destacou o grande desafio para outros grupos que tentam prestar serviços em Gaza, onde a ordem é praticamente inexistente após cinco meses de guerra e milhares de famintos. Em relação às denúncias, Lazzarini disse que não recebeu nenhuma informação adicional que comprovasse as acusações de Israel depois que elas foram apresentadas a ele em janeiro, mas que a agência havia rescindido imediatamente os contratos dos funcionários devido à gravidade da alegação. Enquanto isso, autoridades de saúde em Gaza anunciaram que pelo menos 15 crianças morreram de desnutrição e desidratação no hospital Kamal Adwan. O Unicef alertou que muitos outros jovens provavelmente morrerão nos próximos dias, a menos que o fluxo de ajuda aumente imediatamente. As negociações internacionais para um cessar-fogo continuaram no Egito no domingo, com a participação de representantes dos EUA, Catar e Hamas. O relatório explica que a expansão dos assentamentos de Israel envolve numerosas violações de direitos humanos contra palestinos, incluindo os direitos a autodeterminação, igualdade e não discriminação.
Os caminhões ficaram retidos no posto de controle de Wadi Gaza por três horas antes de serem dispensados. O PAM disse que o comboio redirecionado foi, posteriormente, saqueado por “uma multidão de pessoas desesperadas” que levou cerca de 200 toneladas de alimentos. A agência afirmou que os caminhões são a única forma de entregar a quantidade de alimentos necessária para evitar a fome no norte de Gaza. O vice-diretor executivo da agência da ONU, Carl Skau, disse, em comunicado, que o PAM não desistirá dos seus esforços para entregar alimentos ao norte de Gaza, “onde crianças estão morrendo de doenças relacionadas com a fome e sofrem graves níveis de desnutrição”.
Estimativas da própria UNRWA, já divulgadas, afirmam que 4 mil pessoas foram presas em Gaza e levadas para prisões israelenses, sendo que algumas delas morreram no cárcere. “A UNRWA recebeu muitos relatos de indivíduos libertados sobre maus tratos em todos os estágios de detenção. Segundo os indivíduos libertados, os maus tratos eram usados em tentativas de extrair informações, intimidar, humilhar e punir”, diz o relatório, obtido em primeira mão pelo New York Times.