Ela deve ser inserida no contexto familiar e escolar, de acordo com a idade e entendimento da criança ou adolescente. Educação sexual para crianças é um tema que, durante muito tempo, foi tratado como tabu por adultos. No entanto, o avanço da tecnologia e o acesso a novas informações fizeram esse tipo de assunto ganhar cada vez mais espaço entre responsáveis e educadores. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no Brasil, defende a educação sexual e diz que aprofundar o debate sobre sexualidade e gênero contribui para uma educação mais inclusiva, equitativa e de qualidade.
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As perguntas sobre educação sexual precisam ser respondidas com naturalidade e com as informações claras. “O quadro que temos é de que temos números gigantes de violência sexual contra crianças e adolescentes que são interfamiliares”, disse. Também são recorrentes projetos de lei que proíbem o assunto no ambiente escolar. Por exemplo, o projeto do Programa Escola sem Partido (EsP), que defende que aspectos relacionados à educação moral, religiosa e sexual devem ser tratados apenas no ambiente privado (na família), e não devem ser abordados na escola. Muita gente nem conhece os tipos de assédio existentes, ou como reconhecê-los (para saber mais sobre, clique aqui e confira a cartilha “O que é assédio?”). Não sabem que camisinha é o único método que previne gravidez e ISTs ao mesmo tempo e que elas podem ser encontradas de graça no SUS (para saber mais sobre métodos contraceptivos, clique aqui e confira a cartilha “Além da camisinha”).
Todo gestor e gestora precisa ter em mente que a escola tem um papel protetivo na vida da criança e do adolescente. No ambiente escolar, os educadores precisam estar atentos a quaisquer mudanças de comportamento dos alunos. De acordo com a psicopedagoga Miriam de Oliveira Dias, na maioria das vezes a criança não fala que está sofrendo abuso, porém ela pode sinalizar a violência sexual por meio de sinais e alguns sintomas. Enquanto alguns profissionais defendem que a abordagem da escola deve se restringir a proporcionar informações referentes à saúde, como prevenção de IST’s e gravidez na adolescência, sem levantar as questões de gênero e orientação sexual.
Ajuda
Em fevereiro, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), comandado por Damares Alves, lançou uma campanha com o objetivo prevenir a gravidez na adolescência. No fim de janeiro, a pasta emitiu uma nota técnica que serviu de orientação para a campanha do governo federal. O documento dizia que começar a vida sexual nessa fase leva, entre outras coisas, a “comportamentos antissociais ou delinquentes” e “afastamento dos pais, escola e fé”. No Brasil, os impactos da internet nas descobertas da vida sexual dos jovens já é um dado concreto.
Este processo de educação sobre a vida sexual se faz essencial para a prevenção de diversas situações indesejadas, como doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), gravidez na adolescência e experiências sexuais traumáticas. Outro desafio para pôr em prática a educação em sexualidade é a falta de capacitação para discutir o assunto tanto por parte dos educadores quanto de mães, pais, cuidadoras e cuidadores. “As pessoas acabam atuando em cima de seus preconceitos, vieses e valores morais e não querem conhecer mais a fundo sobre o assunto”, diz Nicole. As pessoas que se fecham para o tema acabam descumprindo o direito que adolescentes e crianças têm de entender seu corpo e de receber informações para se prevenirem contra violência, infecções sexualmente transmissíveis e gravidez não intencional.
A educação sexual busca ensinar e esclarecer questões relacionadas ao sexo, livre de preconceito e tabus. Apesar de problemas fisiológicos, quando uma adolescente engravida, ela passa também por problemas psicológicos, pois a mudança de vida rápida exige grande adaptação e isso pode gerar conflitos, pois uma grande etapa de sua vida foi pulada. Quando direcionada às crianças, a educação sexual é voltada a ensiná-las a conhecer o seu próprio corpo, distinguir o que são partes íntimas e das partes não íntimas, nomear as partes de seus próprios corpos, sendo uma ferramenta importante no combate ao abuso sexual infantil. Quando direcionada aos adolescentes, a educação sexual tem por objetivo ensinar sobre as funções desempenhadas por seus órgãos sexuais, a prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez indesejada. Um dos livros mais recomendados para ajudar pais e educadores a tratar do tema da prevenção da violência sexual com as crianças é Pipo e Fifi, da pedagoga e especialista em educação sexual Caroline Arcari. “Tão cedo quanto possível, crianças precisam da informação e das ferramentas para identificarem as situações do cotidiano e terem informações para fazerem escolhas, buscarem ajuda e selecionarem valores construídos a partir da reflexão, na relação com o outro e consigo mesmos”, diz Caroline.
“Educadores e educadoras precisam estar preparados para saber como se dá o desenvolvimento da sexualidade na infância para que possam orientar de forma adequada, sem criar traumas ou complicações para a vida dessa criança. Daí a importância de orientar e capacitar esses professores para que eles estejam preparados para lidar sobre sexualidade de forma positiva”, destaca a educadora. Apesar de muitos Xvideos professores não se sentirem confortáveis para abordar sobre sexualidade, seja por motivos religiosos ou falta de formação específica, é de extrema importância levar a educação sexual para a sala de aula. Segundo a professora doutora Vilena Silva, que leciona biologia e meio ambiente, a escola pode ser uma rede de proteção e de ajuda das crianças.
No Brasil, o assunto tomou bastante repercussão por conta da série Sex Education, lançada pela Netflix, que enfatizou a importância de falar sobre esse tópico, e também, por conta das polêmicas que ocorreram nas Eleições presidenciais de 2018. Essa temática ainda está muito associada a preconceitos, tabus, crenças ou valores singulares. Será por meio do diálogo, da reflexão e da possibilidade de reconstruir as informações, pautando-se sempre pelo respeito a si próprio e ao outro, que o aluno conseguirá transformar e/ou reafirmar concepções e princípios, construindo de maneira significativa seu próprio código de valores.
Também é preciso lembrar que nem todos os jovens possuem suporte e uma relação boa dentro de casa, que é mais um ponto para o ensino sexual ser um programa adotado pelas instituições de ensino. A escola, como ambiente de aprendizagem e vínculo afetivo da criança, naturalmente também se depara com a necessidade de esclarecimentos sobre o tema. Afinal, é um cenário de fonte de informação e conhecimento do mundo, e precisa ser um espaço seguro para esclarecer dúvidas também sobre este assunto.
Educação sexual: qual importância para crianças?
Entretanto, ela cita que a partir dos 4 anos, ainda na educação infantil, começam a surgir curiosidades sobre o corpo. A partir disso, a profissional recomenda que os educadores aproveitem a oportunidade para ensinar o nome correto dos órgãos genitais e os conceitos de privacidade. A inclusão da educação sexual nas escolas é motivo de polêmica e debates acalorados na sociedade, pois parcela da população acredita que trazer o assunto pra escola vai incentivar a prática sexual entre os jovens, expondo-os à sexualização precoce. Mas a verdade sobre a educação sexual é que ela é fundamental e deve fazer parte da vida familiar e escolar de crianças e adolescentes. Isso evita muitos problemas futuros, como comportamentos preconceituosos, abusivos e violentos. Trazendo a educação sexual, ao abordar esses temas para a conversa, o conteúdo ficaria mais completo e ajudaria no entendimento de que sexo não é só pegação e que depende de muita responsabilidade.
Quem se identifica com o mesmo gênero com o que nasceu é denominado cisgênero. O segredo de como conduzir as conversas sobre sexualidade com os alunos está em ouvir o que eles têm a dizer. “É importante que eles entendam que há o toque de carinho, de quem a gente ama, e o toque ruim, que é desconfortável, que dá medo e que faz com que tenham vergonha de contar para outras pessoas”, diz a professora. Os resultados do projeto ficaram evidentes quando uma das meninas menstruou na escola e sujou o uniforme – os meninos, que também haviam participado da dinâmica, em vez de fazerem piadas inapropriadas, acolheram a amiga e arranjaram um casaco para ela amarrar na cintura e cobrir a mancha de sangue. Somos uma instituição independente que nasceu com o intuito de ajudar o mercado do ensino privado no Brasil.
Com tudo isso, pode-se afirmar que a educação sexual nas escolas é uma forma de ajudar crianças e adolescentes a crescerem conhecendo seus próprios corpos, respeitando a si mesmos e desenvolvendo uma maturidade sexual de maneira muito mais saudável, quando chegar a hora — sem abusos e traumas. É importante que todas essas atividades de educação sexual feitas pela escola sejam comunicadas previamente para as famílias dos alunos. No caso do “semáforo do toque”, por exemplo, “os pais ficaram tranquilos quando viram que nada daquilo despertaria para o sexo, e sim ajudaria na prevenção”, diz a professora Fernanda. A sexualidade da criança é diferente da do adulto e o foco é o conhecimento do próprio corpo. Conversar com a criança sobre a sexualidade não estimula a prática sexual precoce, muito pelo contrário”, afirma a psicopedagoga Miriam de Oliveira Dias, que é especialista em violência doméstica e fundadora do projeto “Protegendo com Amor”.
O ensino da educação sexual nas escolas passa por diversas abordagens biológicas e permite que as crianças entendam de forma mais detalhadas sobre o sistema reprodutor. O espaço escolar também é propício para debates, palestras, dinâmicas e outras atividades de conscientização. Além de abordar aspectos comportamentais e de saúde, a educação sexual também ajuda crianças a identificarem casos de abusos dentro ou fora de casa.